História
do Cristianismo - Parte 1
Rev. Prof. Ms. João Paulo da Silva
1.
NOÇÕES DE HISTORIOGRAFIA
A Palavra
Historiografia advém de do vocábulo grego: Ιστοριογράφος, de Ιστορία,
"História" e -γράφος, da raiz de γράφειν, "escrever": “o
que escreve, ou descreve, a História”.
História do
Cristianismo é a Historiografia[1] que se dedica ao Estudo Específico da
História da Igreja ou História Eclesiástica, entendida como História
tanto das diversas Instâncias Eclesiásticas existentes no interior do Cristianismo,
quanto Hstória dos Cristãos.
Em outras palavras, a
História do Cristianismo investiga tanto a História da Igreja Primitiva, como
os respectivos acontecimentos no Seu Período e os períodos sobseqüentes a ela.
Ademais, o
entendimento do que significa "Igreja"
vai além do aspecto meramente eclesiástico e clerical; abarcando também o
Estudo dos diversos Contextos Sócio-econômicos, Políticos e Culturais nos quais
as diversas Igrejas
(Comunidades Cristãs Locais) estão inseridas em determinados Contextos
Históricos.
Também a História do
Cristianismo aborda a Edificação da Igreja e a sua identidade enquanto
Instituição e Porta-Voz do Reino de Deus.
2.
O MUNDO PRÉ-CRISTÃO
Uma análise sobre a
História do Mundo Pré-Cristão e seus respectivos Contextos é preponderante para
se entender o transcorrer da História do Cristianismo.
2.1.
Contexto Político
Quando Jesus
nasceu, a Terra de Israel fazia parte do Império Romano e era governada pelo
Rei Herodes, o Grande (47- 4 AC ). Depois da Morte de Herodes , o Reino foi
dividido entre os seus filhos: Arquelau, tetrarca da Judéia e Samaria; Herodes
Antipas, tetrarca da Galiléia e Peréia, e Filipe, tetrarca da Ituréia,
Traconites e outras Regiões Orientais do Norte. No ano 6 AD , Arquelau foi
deposto pelo Imperador Augusto, e dali em diante a Judéia foi governada por
Procuradores romanos. Um deles, Pôncio Pilatos, governou de 26 a 36 AD.[2]
Embora as Autoridades
Romanas procurassem fazer um governo justo, para muitos Judeus era intolerável
que o Povo de Deus fosse dominado por Pagãos. Os Membros do Partido de Herodes
queriam que um dos descendentes do Rei Herodes governasse, em vez do Governador
Romano. E os nacionalistas – também conhecidos como “zelotes” – queriam levar
os judeus a se revoltarem contra Roma. Finalmente, em 66 AD, estourou a Revolta
(Primeira Guerra Judaica), que durou até o ano 70 AD, quando os Romanos
destruíram Jerusalém e o Templo.
Diante disso, muitos [3]Judeus deixaram a Palestina e passaram a
viver no mundo não-judaico, aumentando assim o número de judeus que faziam
parte da “Dispersão” (a Diáspora). Em vez do Templo, as Sinagogas se tornaram o
centro principal do Judaísmo, e, antes do fim do primeiro século dC, o cânon da
Bíblia Hebraica (Antigo Testamento) foi fixado.
Para os Cristãos daquele
tempo (início do Primeiro Século), o Poder de Roma foi um beneficio. As
excelentes estradas facilitavam as Viagens dos Missionários que saíram a levar
o Evangelho a todos os Povos. As Autoridades Romanas tinham classificado o
Judaísmo como uma “Religião lícita” e, por extensão, fizeram a mesma coisa com
a Religião Cristã. Não era contra a Lei Romana ser um Cristão.
Mas, no fim do Primeiro
Século, Roma começou a exigir que todos os Cidadãos do Império confessassem que
o Imperador era Divino. Isso os Seguidores de Jesus – Cristãos Primitivos -
não podiam fazer e, por isso, eles foram perseguidos e muitos foram
executados. Sobre essa questão, tratar-se-á com mais abrangência adiante quando
se falará das Eras da História do Cristianismo. .
2.2.
Contexto Religioso
No Primeiro Século,
Jerusalém era a Cidade de Deus, e o Templo era onde ele se fazia presente entre
o Seu Povo. Ali, os Judeus ofereciam os seus sacrifícios. Jerusalém, também
era o local central das Grandes Festas Religiosas, com destaque para a
Páscoa, a Festa da Colheita e a Festa das Barracas ou Tabernáculos. Nessas
ocasiões, todos os homens judeus deviam ir a Jerusalém e participar dessas
festas.
O Sumo Sacerdote
ocupava o mais alto cargo na Hierarquia Religiosa dos Judeus. Ele era o Presidente
do Conselho Superior ou Sinédrio, integrado por setenta e um membros, inclusive
o Presidente. Uma vez ao ano, no Dia do Perdão, ele entrava no Lugar Santíssimo
ou Santo dos Santos do Templo e ali oferecia sacrifícios para conseguir o
perdão dos seus próprios pecados e dos pecados do Povo de Israel.
Na época de
Jesus, o Sumo Sacerdote era Caifás (de 18-36 AD), genro de Anãs, que tinha sido
o Sumo Sacerdote antes dele. Outros Membros do Conselho Superior eram os
“Chefes dos Sacerdotes”, Membros de Famílias Sacerdotais Importantes.
Os Sacerdotes eram
descendentes de Arão, bisneto de Levi, Filho de Jacó. Eles ofereciam os
sacrifícios no Templo de Jerusalém. Os Levitas, Auxiliares dos Sacerdotes, eram
descendentes de Levi, mas não de Arão. Além de ajudarem os sacerdotes a
oferecer os sacrifícios, eles formavam a Guarda do Templo, para manter a ordem
e defender o Templo contra qualquer ataque.
No Contexto Religioso,
também aparecem os Grupos Religiosos: Fariseus, Saduceus, Doutores da Lei,
Essênios, Zelotes e Herodianos.
[1] Historiografia
é uma palavra polissémica. Designa não apenas o Registro
Escrito da História, a memória estabelecida pela própria Humanidade
através da escrita
do seu próprio passado,
mas também a Ciência
da História.
[2] Introdução ao Novo Testamento. Disponível
em http://www.vivos.com.br/442.htm.
Acessado em 24 de janeiro de 2011.
* Rev. Prof. Ms. João Paulo
da Silva é Pastor-Presbítero da Igreja Metodista do Brasil, Historiador,
Teólogo e Professor Universitário. Atualmente, leciona na FATEF – Faculdade
Aplicada de Teologia e Filosofia – e no Seminário Teológico ALEF. Pastoreia a
Igreja Metodista em Coelho da Rocha como Pastor Coadjutor.
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