quarta-feira, 9 de maio de 2012

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO - PARTE 1




História do Cristianismo - Parte 1
Rev. Prof. Ms. João Paulo da Silva
  1.           NOÇÕES DE HISTORIOGRAFIA
A Palavra Historiografia advém de do vocábulo grego: Ιστοριογράφος, de Ιστορία, "História" e -γράφος, da raiz de γράφειν, "escrever": “o que escreve, ou descreve, a História”.
História do Cristianismo é a Historiografia[1] que se dedica ao Estudo Específico da História da Igreja ou História Eclesiástica, entendida como História tanto das diversas Instâncias Eclesiásticas existentes no interior do Cristianismo, quanto Hstória dos Cristãos.
Em outras palavras, a História do Cristianismo investiga tanto a História da Igreja Primitiva, como os respectivos acontecimentos no Seu Período e os períodos sobseqüentes a ela.
 Ademais, o entendimento do que significa "Igreja" vai além do aspecto meramente eclesiástico e clerical; abarcando também o Estudo dos diversos Contextos Sócio-econômicos, Políticos e Culturais nos quais as diversas Igrejas (Comunidades Cristãs Locais) estão inseridas em determinados Contextos Históricos.
Também a História do Cristianismo aborda a Edificação da Igreja e a sua identidade enquanto Instituição e Porta-Voz do Reino de Deus.
 2.           O MUNDO PRÉ-CRISTÃO
Uma análise sobre a História do Mundo Pré-Cristão e seus respectivos Contextos é preponderante para se entender o transcorrer da História do Cristianismo.
2.1.       Contexto  Político
 Quando Jesus nasceu, a Terra de Israel fazia parte do Império Romano e era governada pelo Rei Herodes, o Grande (47- 4 AC ). Depois da Morte de Herodes , o Reino foi dividido entre os seus filhos: Arquelau, tetrarca da Judéia e Samaria; Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia e Peréia, e Filipe, tetrarca da Ituréia, Traconites e outras Regiões Orientais do Norte. No ano 6 AD , Arquelau foi deposto pelo Imperador Augusto, e dali em diante a Judéia foi governada por Procuradores romanos. Um deles, Pôncio Pilatos, governou de 26 a 36 AD.[2]
Embora as Autoridades Romanas procurassem fazer um governo justo, para muitos Judeus era intolerável que o Povo de Deus fosse dominado por Pagãos. Os Membros do Partido de Herodes queriam que um dos descendentes do Rei Herodes governasse, em vez do Governador Romano. E os nacionalistas – também conhecidos como “zelotes” – queriam levar os judeus a se revoltarem contra Roma. Finalmente, em 66 AD, estourou a Revolta (Primeira Guerra Judaica), que durou até o ano 70 AD, quando os Romanos destruíram Jerusalém e o Templo.
Diante disso, muitos [3]Judeus deixaram a Palestina e passaram a viver no mundo não-judaico, aumentando assim o número de judeus que faziam parte da “Dispersão” (a Diáspora). Em vez do Templo, as Sinagogas se tornaram o centro principal do Judaísmo, e, antes do fim do primeiro século dC, o cânon da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento) foi fixado.
Para os Cristãos daquele tempo (início do Primeiro Século), o Poder de Roma foi um beneficio. As excelentes estradas facilitavam as Viagens dos Missionários que saíram a levar o Evangelho a todos os Povos. As Autoridades Romanas tinham classificado o Judaísmo como uma “Religião lícita” e, por extensão, fizeram a mesma coisa com a Religião Cristã. Não era contra a Lei Romana ser um Cristão.
Mas, no fim do Primeiro Século, Roma começou a exigir que todos os Cidadãos do Império confessassem que o Imperador era Divino. Isso os Seguidores de Jesus – Cristãos Primitivos -  não podiam fazer e, por isso, eles foram perseguidos e muitos foram executados. Sobre essa questão, tratar-se-á com mais abrangência adiante quando se falará das Eras da História do Cristianismo. .
 2.2.       Contexto Religioso
No Primeiro Século, Jerusalém era a Cidade de Deus, e o Templo era onde ele se fazia presente entre o Seu Povo. Ali, os Judeus ofereciam os seus sacrifícios. Jerusalém, também  era o local central das Grandes Festas Religiosas, com destaque para a Páscoa, a Festa da Colheita e a Festa das Barracas ou Tabernáculos. Nessas ocasiões, todos os homens judeus deviam ir a Jerusalém e participar dessas festas.
O Sumo Sacerdote ocupava o mais alto cargo na Hierarquia Religiosa dos Judeus. Ele era o Presidente do Conselho Superior ou Sinédrio, integrado por setenta e um membros, inclusive o Presidente. Uma vez ao ano, no Dia do Perdão, ele entrava no Lugar Santíssimo ou Santo dos Santos do Templo e ali oferecia sacrifícios para conseguir o perdão dos seus próprios pecados e dos pecados do Povo de Israel.
 Na época de Jesus, o Sumo Sacerdote era Caifás (de 18-36 AD), genro de Anãs, que tinha sido o Sumo Sacerdote antes dele. Outros Membros do Conselho Superior eram os “Chefes dos Sacerdotes”, Membros de Famílias Sacerdotais Importantes.
Os Sacerdotes eram descendentes de Arão, bisneto de Levi, Filho de Jacó. Eles ofereciam os sacrifícios no Templo de Jerusalém. Os Levitas, Auxiliares dos Sacerdotes, eram descendentes de Levi, mas não de Arão. Além de ajudarem os sacerdotes a oferecer os sacrifícios, eles formavam a Guarda do Templo, para manter a ordem e defender o Templo contra qualquer ataque.
No Contexto Religioso, também aparecem os Grupos Religiosos: Fariseus, Saduceus, Doutores da Lei, Essênios, Zelotes e Herodianos.

 



[1] Historiografia é uma palavra polissémica. Designa não apenas o Registro Escrito da História, a memória estabelecida pela própria Humanidade através da escrita do seu próprio passado, mas também a Ciência da História.
 [2] Introdução ao Novo Testamento. Disponível em http://www.vivos.com.br/442.htm. Acessado em 24 de janeiro de 2011. 
[3] Ibidem.

* Rev. Prof. Ms. João Paulo da Silva é Pastor-Presbítero da Igreja Metodista do Brasil, Historiador, Teólogo e Professor Universitário. Atualmente, leciona na FATEF – Faculdade Aplicada de Teologia e Filosofia – e no Seminário Teológico ALEF. Pastoreia a Igreja Metodista em Coelho da Rocha como Pastor Coadjutor.

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