quarta-feira, 24 de outubro de 2012

RESENHA DO LIVRO: A Escatologia do Novo Testamento



RESENHA DO LIVRO: A Escatologia do Novo Testamento

Russell Shedd nasceu na Bolívia, onde seus pais, Leslie Martin e Della Johnston eram missionários entre os índios. Aos cinco anos Shedd esteve pela primeira vez nos Estados Unidos, onde completou seus estudos e graduou-se em teologia pela Wheaton College. Diplomou-se Ph.D. em Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo, Escócia.
É autor de vários livros, dentre os quais estão A Justiça Social e a Interpretação da Bíblia, Disciplina na Igreja, A Solidariedade da Raça, Justificação, A Oração e o Preparo de Líderes Cristãos, Fundamentos Bíblicos da Evangelização, Teologia do Desperdício, Criação e Graça: reflexão sobre as revelações de Deus, todos publicados pelas Edições Vida Nova ou pela Shedd Publicações.
Este livro ( A Escatologia do Novo Testamento) Russell Shedd visa orientar os cristãos sobre a compreensão dos eventos futuros conforme as interpretações dos teólogos com suas defesas e posições, como o pré-milenismo, pré-tribulacionismo, Amilenismo e Pós-milenismo.  Pós-milenismo - essa linha de raciocínio não especifica uma data para o início do Milênio. Tem a concepção de algo parecido com um milênio já inaugurado e a chegada do Reino de Deus de forma gradual, lentamente; Amilenismo - essa outra corrente nega um milênio terrestre propriamente dito, em que Cristo reinará; Pré-milenismo - aquele que crê em um reino literal de Cristo na face da terra por um período de mil anos, que se iniciará com a sua vinda, inaugurando-o. Ele se entende também como o ponto de vista que situam o arrebatamento e a vinda de Cristo antecedendo o Milênio. Pré-tribulacionismo - o que defende o arrebatamento da igreja para antes da Grande tribulação, colocando-a fora de cena no período tribulacional. São posições que se divergem e são capazes de transformar nossa fé e motivação, num viver santo diante de Deus ou num desleixo de má interpretação. Ele leva-nos a refletir biblicamente sobre as coisas futuras ditas por Jesus nos evangelhos em suas parábolas e nas epístolas de Paulo, juntamente com as epístolas de Hebreus as cartas gerais e principalmente o livro do Apocalipse.
A primeira preocupação do autor e definir a hermenêutica correta pois ela é a questão fundamental para uma boa interpretação das Escrituras. Ele mostra o histórico dos teologos que começaram com os questionamentos das coisas futuras ditas na Bíblia e suas profecias. Assim ele analisa as diferenças das posições e o porque foram interpretadas nos textos bíblicos.
O autor destaca a relevância do Novo Testamento dizendo que ele “tem muito a dizer sobre a escatologia, oferecendo campo amplo para os intérpretes da Bíblia criarem seus sistemas ou quadros sobre o fim” (SHEDD, 1999, p.8).
Shedd relata os textos dos evangelhos onde Jesus fala sobre sua segunda vinda, admoestando a Igreja com a esperança verdadeira, dando assim orientações para que não sejam os cristãos enganados pelos falsos profetas.
Quando o autor trata sobre a escatologia nos Evangelhos ele afirma que não tem muita clareza da ordem das coisas que vão acontecer e nem de quando acontecerão. O que eu achei interessante neste capítulo foi a ênfase que o Senhor Jesus deu não no “quando”, mas no “ser”, precisamos sair dessa teologia de escapismo de “arrebatamento” e entendermos de vez que devemos ser santos porque Ele é Santo,e não porque corremos o risco de não sermos “arrebatados”.Ele falou mais sobre a necessidade de nos encontrarmos fiéis no tempo do fim. Ele nos advertiu contra o esfriamento do amor, dos constantes enganos que haveriam, da falta de visão missionária, da infidelidade no ministério, da perseguição por causa de Seu nome. Sua maior preocupação no ensino não era dizer quando tudo isso iria acontecer (apesar da insistência de seus discípulos), mas em que seus seguidores fossem achados fiéis quando ele voltasse, assim como as virgens foram prudentes.
Em Atos o autor mostra os textos que Jesus Cristo fala que para seu retorno ao reinado era necessário que os apóstolos levassem a Boas novas da Salvação até aos confins da terra. E para isso Ele levaria um bom tempo para retornar. Como ele mesmo disse “Cristo está sentado no trono de Seu Pai dirigindo a seus servos e concedendo-lhes o poder para testemunhar das boas novas da sua salvação a todas as raças e povos” (SHEDD, 1999, p.30).
Tempos e épocas são reservados pela autoridade do Pai e Nossa preocupação deve ser testemunhar até os confins da terra e não restabelecimento do reino em Israel Atos 3:20,21 tempos de refrigério, a restauração de todas as cousas. Romanos – 8:18-23 – a restauração dos nossos corpos na ressurreição dos justos vv 19,21,23 – cf Fp3:21; Israel será salvo , Rm11:15,25,26; A salvação deve preceder a ressurreição 11:15; 1Coríntios – 2 Coríntios – 1Co15:23-28. Cristo reina e vai reinar em sua vinda; Os mortos em Cristo e os vivos serão ressurretos e transformados – 1Co15: 51-56; Quando os crentes morrem, eles entram na casa não feita por mãos -2Co5:.
Russell explica os textos paulinos conforme sua interpretação coerente da Palavra de Deus, assim mostrando como ocorrerá a ressurreição dos mortos, ímpios e justos. Como Grier afirma em seu livro sobre escatologia que a vinda de Cristo para julgar foi “o centro e a real substância da pregação de Paulo aos gentios. Logo após estes acontecimentos Shedd relata os textos de Paulo relacionados ao arrebatamento, mostrando como aconteceram conforme os que Paulo disse em suas epístolas. ·Nas epístolas aos Hebreus, Russell Shedd apresenta o ponto de vista dos últimos dias nesta carta, mostrando os relatos dos textos das coisas vindouras que ainda não se cumpriram no livro. Ladd diz em seus estudos que alguns estudiosos insistem que o dualismo espacial dos dois mundos é o verdadeiro centro da teologia de Hebreus, e o dualismo escatológico é a sobra de uma tradição não assimilada. ·As epístolas gerais são avaliadas pelo Russell colocando cada uma em uma seqüência que mostra os acontecimentos conforme sua interpretação bíblica sobre cada um dos livros do Novo Testamento. O autor mostra ainda que na segunda epístola de Pedro parece haver uma flexibilidade na”. Segunda vinda de Cristo, pois esta não dependeria somente de Deus, como também da Igreja que não ficaria só esperando sua volta, mas seria ativa e cooperadora com Deus vivendo de maneira piedosa 2 Pedro 3.10,11,12,14, Atos 10: 37-39. Ladd complementa estes relatos de Shedd dizendo que as bênçãos do século futuro não estão mais exclusivamente no futuro; tornaram-se objetos da experiência presente. A morte de Cristo é um evento escatológico. Devido à morte de Cristo, o homem justificado já está do lado do século futuro no julgamento escatológico, absolvido de toda a culpa.
Ao chegar no livro do Apocalipse o autor mostra as dificuldades de interpretação dos textos relatados por João, assim mostra a dificuldade de má hermenêutica nestes textos. Por causa dos seus vários enigmas. Correndo o risco de muitas suposições sobre os eventos futuros.
Existem diversas interpretações como a Preterista – Mensagem dirigida aos leitores contemporâneos o Histórico – contínua - prediz o curso da história, principalmente da igreja. O dealista – reflete simplesmente o conflito entre o bem e o mal e o Futurista – os capítulos 4-19 falam dos eventos, que precedem a vinda, especialmente a Grande tribulação. O autor defende a possibilidade de a Igreja passar pela tribulação, pois da mesma forma como ocorreu perseguição e grande tribulação para os cristãos da antiguidade como sinal de purificação da igreja e precedência de paz, haveria também a necessidade de perseguição e sofrimento da Igreja antes do tempo de paz do milênio. Acredito que esta alternativa esteja mais baseada na lógica (comparando o que ocorreu com os mártires e que deveria ocorrer com a igreja hoje) do que em evidências da Bíblia. Querendo ou não a Igreja de Cristo está sofrendo, hoje, grande perseguição quer esta seja social, política ou física.
O autor diz que os 144 mil selados são compostos pela Igreja de judeus e gentios, mas outros autores discordam com sua posição por causa da validação do Antigo Testamento sendo cumprido no Novo Testamento, por isso não seriam a Igreja nem gentios, seriam judeus segundo a interpretação pré-milenista.
No momento das trombetas Shedd diz que elas serão como as pragas lançadas sobre o povo do Egito no livro de Êxodo. A visão da mulher e do dragão e as bestas mostrando assim a hostilidade de Satanás. 
Em Apocalipse capítulo 14 aparece um anjo com um evangelho eterno para ser pregado a todos os habitantes da terra, segundo Shedd representa que o fim só  chegará depois que todos os habitantes da terra tiverem o privilégio de terem ouvido as boas novas.
Um anjo vem do trono de Deus e proclama a colheita, todos os inimigos de Deus são lançados fora da cidade de Jerusalém para serem pisados, esses eventos segundo Shedd são a colheita e o lagar do julgamento.
Uma dos assuntos que mais gostei de me aprofundar nesta leitura foi o reinado dos crentes com Cristo durante o milênio defendido pelo prémilenismo. A igreja que voltará já glorificada com Cristo em sua segunda vinda reinará com ele sobre a terra durante mil anos. Os 12 apóstolos também exercerão cargo de governo sobre os judeus em seus 12 tronos prometidos pelo próprio Jesus. A Igreja glorificada também receberá governos e terá terras sob seu domínio. Esse será um tempo de paz e tranqüilidade convivendo entre si a igreja glorificada, os cristãos convertidos na tribulação e até mesmo não cristãos que sobreviveram à tribulação. Estes farão de tudo para andarem na linha não errando para não andarem contra o governo do mundo que será completamente justo e reto.
Eu particularmente gostei pelo fato de serem muito criativos, pois estou mais inclinado para dizer que, eu acredito que o Reino de Cristo já está entre nós Mt 12v28, e que o evangelho do Reino precisa ser pregado a todo mundo Mt 24v14, AP 14v6-8.
Não podemos interpretar o Apocalipse de forma literal devido a alta linguagem simbólica que tem esse livro, mil anos são literais, ou se trata de um período de tempo? E o que dizer de 2 Pe 3v8 Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.
No entanto ainda tenho dúvidas quanto a esta questão. Se no milênio a promessa é de paz, tranqüilidade e prosperidade, como poderão conviver juntos incrédulos, cristãos contemporâneos e cristãos glorificados? O incrédulo continuará sob a influência do pecado, pois ele continuará sendo seu escravo. O homem incrédulo continuará sendo depravado e tendencioso a fazer o que é errado mesmo vivendo sob um governo justo e reto. Como pode haver paz e tranqüilidade se o pecado ainda estará presente com toda a sua influência maligna? Será que os cristãos convertidos na tribulação poderão apostatar da fé por influência destes pecadores?
Shedd retrata muito bem a questão da Babilônia com vestidos e jóias e um cálice cheio de abominação, a imoralidade de mãos dada com a idolatria, era a estratégia de Roma para atrair os homens para adora-los. Quando muitos pensam que se levantará uma prostituta sensual, vestida de vermelho toda pintada com aparência de prostituição carnal. A prostituta de Apocalipse era o império romano que oferecia benefícios materiais àqueles que adoravam o Imperador e os deuses Romanos, quem não adorasse era forçado a trabalhos escravos e até a morte. Não vamos ser precipitados em afirmar nada, mas no campo das hipóteses pode ser que se levante um governo ou algum tipo de sistema com essas características. O que João vê em Apocalipse é a prostituição espiritual e moral, os adoradores do verdadeiro Deus não se contaminarão com essa prostituição, adorarão unicamente o verdadeiro DEUS.
Segundo Shedd haverá um contraste entre a tristeza dos participantes nos benefícios e pecados da meretriz, e a santa alegria da comunidade de Deus. João viu a alegria de uma grande multidão pela remoção da meretriz, essa multidão  seria a igreja universalmente vitoriosa, provavelmente essa multidão é a mesma apresentada em Ap 7v9. O fim segundo Shedd, Cristo descerá pessoalmente derrotará seus inimigos, satanás será acorrentado então iniciará o reinado de Cristo na terra Ap 19. v19-21 20. v1-3.
No milênio satanás não terá nenhum tipo de influencia nesse mundo, estará acorrentado, os santos vão reinar com cristo e terão autoridade para julgar Ap 20 v3, os que morreram sem Cristo ressuscitaram após o milênio.
Quando Jesus se assentou para julgar os pecadores aterra e os céus fugiram da presença d´Ele Ap 20 v11, significa que a terra que hoje existe será extinguida para a criação de uma nova terra e novo céu II Pe 3v 10 essa será a nova Jerusalém para os cristãos Ap 21.Quem fizer parte dessa comunidade não sofrerá mais nenhum dano Ap 21 v4.
A igreja noiva encontrará com o seu noivo o cordeiro imaculado, JESUS, viverá eternamente ao seu lado o adorando dia e noite para todo o sempre Ap 22 v1-6.

Pastor Bruno Gomes.

BIBLIOGRAFIA:
LIVRO A ESCATOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO
BIBLIA DE ESTUDO DAKE

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