quarta-feira, 18 de setembro de 2013

DIVÓRCIO, SIM OU NÃO ?

TRABALHO DE ÉTICA CRISTÃ TEMA: DIVÓRCIO NO BRASIL Divórcio é uma palavra surgiu no final da década de oitenta no século passado. No início do século passado não existia o divórcio na legislação Brasileira, o repúdio era a palavra da época para esses casos, mas não com o mesmo efeito. O repúdio não permitia a separação nem um novo casamento legal, o que havia era uma separação de corpos onde ambos os cônjuges passavam a morar em locais diferentes. O máximo que os ex-cônjuges poderiam fazer se quisessem um novo companheiro era viver amigado, ou seja, morar junto com outra pessoa sem está casado legalmente. Com o divórcio incluído na legislação Brasileira a partir de 1977, fica permitido a separação e um novo casamento legal. É um fato que o numero de divórcio tem aumentado nesses últimos anos, inclusive no meio evangélico, mais porque? Porque o casamento tem se dissolvido tão fácil, se Deus disse que os dois seriam uma única carne? O que a bíblia diz sobre isso, em que condições a bíblia permite o divórcio, o que a antiga aliança diz sobre o divórcio e o que Jesus disse sobre esse assunto que era tão comum na época? NO ANTIGO TESTAMENTO Na lei de Moisés existe um único texto que trata sobre o divórcio e Deuteronômio 24:1-4. Hillel e Shammai, que viveram na geração anterior à de Jesus, assumiram lados bem opostos na interpretação dessa passagem. A grande discussão está na interpretação do que permite o divórcio segundo o texto de deuteronômio 24:1, “coisa feia” ou “falta de decência”, que significa a nudez de alguma coisa. O problema aqui é que a natureza do problema não está especificada, embora eu acredite que para o contexto da época estivesse bem clara pra quem a recebeu. INTERPRETAÇÕES Já vi diversas interpretações desse texto e das mais variadas possíveis, como por exemplo, que a “coisa feia” é algo relacionado a um problema físico, tal como a incapacidade de gerar filhos. Outros entendem que a “coisa feia” é o homem depois de se casar com uma mulher descobrir que ela não é virgem. A escola de Shmmai interpretava esse termo com mais rigidez, dizia que a única razão para o divórcio era a imoralidade, adultério, ou má conduta. A escola de Hillel era mais abrangente e cria que tudo que desagradasse o marido era motivo para divorciar-se. Uma comida mal feita, se outra mulher agradasse mais ao marido, sair na rua com o cabelo desarrumado e até mesmo se não houvesse motivo, bastava apenas que homem estivesse cansado de sua mulher, entre outra coisas fúteis levavam ao divórcio segundo a escola de Hillel. Havia apenas duas situações que proibiam o divórcio: 1. Quando um homem tivesse acusado falsamente sua esposa de ter tido relações sexuais ilícitas antes do casamento (Dt 22:13-19). 2. Quando um homem tivesse relações sexuais com uma donzela num ato de estupro (Dt 22:28,29). NO NOVO TESTAMENTO (Jesus e os evangelhos) Para os judeus o direito de divorciar-se concedia o direito de casar-se novamente, o que era aceiro sem nenhum questionamento por todo Israel. A questão aqui não é o direito de casar-se novamente, mas somente o direito de divorciar-se. Os fariseus queriam saber em qual lado da controvérsia Jesus estava. Para os fariseus Jesus disse que Moisés por causa da dureza do coração do homem (falta de perdão) permitiu dar carta de divórcio. (Mc 10:5) Diferentemente do que disse para os fariseus, quando chegou em casa os discípulos voltaram a lhe perguntar sobre o assunto (Mc 10:10).Pelos textos de Marcos 10:11,12 e Lucas 16:18 nenhuma permissão é dada por Jesus para o divórcio, leia: E Ele lhes disse: Qualquer que deixar a sua mulher e casar com outra adultera com ela. E, se a mulher deixar o seu marido e casar com outro, adultera. (Mc 10:11,12) Qualquer que deixa sua mulher e casa com outra adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido adultera também. (Lc 16:18) Lembrando-nos de que Marcos foi o primeiro evangelho a ser publicado e foi usado por Mateus e Lucas como base histórica da vida de Jesus para a confecção de seus respectivos evangelhos. Lucas manteve-se fiel ao evangelho de Marcos quanto á resposta de Jesus sobre o divórcio, nenhuma permissão é dada, e qualquer segundo casamento estando os cônjuges do primeiro casamento vivos resulta em adultério, dessa forma torna-se ilícito o segundo casamento de pessoas divorciadas. Alguns eruditos. acreditam que a questão do divórcio causado pelo adultério não é narrada por Marcos porque era bem conhecida na época de Jesus, já que essa era uma ideia da escola de Shammai, que viveu na geração anterior á de Cristo. Como não é possível confirmar nem negar essa ideia, o melhor é ficar com o texto Bíblico. Já vimos a posição de Jesus nos evangelhos de Marcos e Lucas, vamos analisar agora o de Mateus (Mt 19:1-90.) A questão do divórcio era uma discussão constante na época de Jesus, o evangelista Mateus registra no capitulo dezenove a pergunta de alguns fariseus prováveis discípulos da escola de Hillel; “é lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? (Mt 19:3) Jesus muito sabiamente evitou a controvérsia Hillel-Shammai, pois certamente o texto em questão é o de deuteronômio 24. Mas, alguns estudiosos das escrituras acreditam que a exceção dada por Jesus para o divórcio nesse evangelho, foi uma construção da igreja primitiva, que era composta quase que inteira por judeus, para preservar a posição da escola de Shammai. Isso quer dizer que as palavras de Cristo para o divórcio no texto de Mateus, foi a igreja primitiva que colocou nos lábios de Jesus sem Ele nunca ter realmente falado. Se acreditamos que as Escrituras são inspiradas, acreditamos que essa exceção foi permitida e também inspirada por Deus, já que essa tem sido a medida adotada pela igreja ao longo de séculos. A resposta de Jesus aos fariseus foi duas perguntas em forma de afirmação: “não tendes lido que no princípio, o Criador os fez macho e fêmea”, Jesus se reporta ao princípio, ou seja, ao éden. Jesus está dizendo que nós temos um princípio, uma origem, um início onde Deus o criador estabeleceu um padrão de vida e conduta, onde foram estabelecidos os princípios para a humanidade. Lá no princípio, onde tudo começou, Deus fez um homem para uma mulher e uma mulher para um homem, eles seriam uma só carne, teriam uma relação tão profunda de unicidade, é como se derretessem dois ferros e fizessem uma única peça. O casamento é uma união bio-psico-social e espiritual, e como em qualquer contrato rompido antes do término existe uma multa, o contrato do casamento que não fica somente no campo da burocracia, o rompimento deste contrato certamente acarretará em danos nas áreas em que ele se une. Pesquisas demonstram que os filhos de famílias desfeitas têm mais problemas em diversas áreas. Os estudos mostram que 60% dos estupradores crescem em lares sem pais, com também 72% dos assassinos e adolescentes e 70% de todos os presos com penas longas, tanto homens quanto mulheres divorciados têm uma probabilidade cinco vezes maior de sucumbir ao uso de drogas, e muitos problemas de depressão e solidão. O casamento é algo tão profundo que a união entre Cristo e a Igreja é comparado a um casamento (Ef 5: 24). Nos vrs. 7 e 8 surge a discussão em torno da permissão dada por Moisés para o divórcio, Ele diz:” Moisés, por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa mulher; mas, ao princípio não foi assim”. Jesus é bem claro nesse texto quando diz: “Moisés permitiu”, ou seja, não foi isso que o Criador estabeleceu no princípio, isso aí é coisa de Moisés, não de Deus. Mais de mil anos depois de Moisés ter dado a permissão para o divórcio, quando os judeus estavam deixando suas mulheres para se casarem com mulheres pagãs, O Criador disse através do profeta Malaquias que abomina o divórcio, sendo Ele mesmo testemunha do casamento (Ml 2: 14). Não acredito que Jesus era a favor do divórcio nem em casos de adultério. A carta de divórcio só foi permitida por causa da dureza do coração (falta de perdão), o melhor é tentar perdoar, pelo menos tente perdoar, se não conseguir não tem outra saída, mas não é bom o homem separar o que Deus uniu. No antigo Testamento a mulher era tão desvalorizada em relação ao homem, que ela era contada entre casa, boi, jumenta e servos, como propriedade dele (Ex 20:17). No novo Testamento Jesus valoriza as mulheres ao libertar uma prostituta (Maria Madalena) de sete demônios, e conversar com uma mulher e samaritana em público. O apóstolo Paulo escrevendo aos gálatas e aos colossos coloca em nível de igualdade homens e mulheres (Cl 3:11,Gl 3:28). Com a mulher valorizada pela Nova aliança e os direitos igualados, o apóstolo Paulo estende a questão do divórcio. Antes, somente o homem podia escrever uma carta com palavras contrárias àquelas que ele escreveu no casamento, palavras do tipo, “eu a repudio, eu a odeia ou ela não é mais minha mulher”. Na carta de Paulo aos Corintios no capitulo sete ele diz que o marido deve pagar à mulher o que lhe é devido e vice-versa, que a mulher tem autoridade sobre o corpo do marido da mesma forma que o marido tem autoridade sobre o da mulher, a mulher não é apenas um objeto sexual, eles tem os mesmos direitos. Paulo diz aos Corintios: “toda, via aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido; se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher” (Co 7: 10,11). No vr.15 parece que temos uma razão legal e bíblica para o divórcio e um novo casamento. Se o descrente se negar a continuar casado por causa do cristianismo e por vontade própria quiser divorciar-se, nessas condições nem homem, nem mulher tem culpa alguma na rebelião do outro. CASOS NÃO MENCIONADOS NA BÍBLIA Existem alguns casos que nós vivenciamos hoje que a bíblia não faz menção, como por exemplo a violência física e/ou verbal. Paulo recomenda a Timóteo que o obreiro não seja violento (I Tm 3.3). Se nós não somos a favor de nenhum tipo de violência, imagine Deus. Não acredito que Deus seja a favor de um relacionamento nessas condições, já está mais do que provado que a violência entre casais tem progredido para um estágio de homicídios. Outro ponto dessa situação é que, como alguém vai adorar a Deus ou servi-Lo sendo maltratado dessa maneira. Ficar aprisionado a um relacionamento infeliz como esse, e o que é pior, morrendo, só pra dizer que não se divorcia, na minha opinião é tentar a Deus. Jesus disse que Deus procura verdadeiros adoradores para o adorarem em espírito e em verdade (Jo 4;23). CONCLUSÃO A vontade de Deus é que os casais permaneçam unidos até que a morte os separe, a morte natural é lógico, não aquela provocada por violência do cônjuge e que poderia ser evitada. Se houver infidelidade, o melhor caminho é conceder o perdão como Ele nos concede todos os dias, dando continuidade a família que é o esteio, a célula de sociedade. O desejo de Deus é que não haja infidelidade nem tampouco algum tipo de violência, o melhor é nos ajustarmos aos padrões bíblicos respeitando os espaços uns dos outros, dessa maneira seremos mais felizes com uma família sólida. BIBLIOGRAFIA: Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, Ed. Vida Nova. O Cristão na Cultura de Hoje, Ed. CPAD. Comentário Judaico do Novo Testamento, Ed. Templos. Comentário Bíblico Antigo e Novo Testamento, Ed. Central Gospel. Bíblia de Estudo DAKE, Ed. CPAD. Pr. BRUNO GOMES DE OLIVEIRA